A história das cores de carros e modelos coloridos icônicos
Diferente do que acontece no mundo da moda ou decoração, as cores dos carros se mantêm estáveis por muitos anos. No entanto, cada época marca uma geração de motoristas apaixonados por diferentes cores.
Vamos entender um pouco mais do mundo da pintura automotiva e conhecer veículos icônicos com cores inesquecíveis.
As preferências de cores para automóveis
Anualmente a PPG, empresa fabricante de tintas e revestimentos, realiza uma pesquisa para conhecer o ranking de cores preferidas pelos condutores ao redor do mundo. Segundo a última pesquisa, feita em 2019, as cores mais amadas para os veículos no Brasil são prata e branco.
A preferência para carros na cor branca era de 37% na América Latina em 2016 e subiu 1% no último ranking, continuando a frente de todas as outras cores. O tom mais procurado se mantém o neutro brilhante.
Enquanto isso, o prata passou de 29% para 31% entre as cores mais queridas de veículos. O tom mais pedido é o com sombra metálica.
A novidade é a ascensão do azul que antes não estava entre as cores preferidas, mas nos últimos anos tem ganhado espaço no mercado e no coração dos motoristas mundo afora.
O top 5 entre as cores que mais agradam os motoristas na América do Sul é: branco com 38%, prata com 31%, preto com 10%, cinza com 9% e vermelho com 8%.
Na América do Norte as 5 primeiras cores são: branco com 25%, preto com 21%, cinza com 17%, prata com 13% e vermelho e azul empatados com 10%.
Na Europa o ranking é ocupado em primeiro lugar também pela cor branca, com 32%. Em segundo lugar vem o cinza com 18% e em terceiro o preto com 17%. O azul fica em quarto lugar com 9% e vem crescendo.
Já na região da Ásia-Pacífico temos, branco com 44%, preto com 15% e prata está empatado com as chamadas cores naturais, que podem ser ouro, bege, laranja e tons de marrom, todos esses tem 10% da preferência.
Pintura veicular ao longo dos anos
Como podemos notar, o branco é preferência mundial. Mas nem sempre foi assim, antes dessa cor se popularizar, os carros brancos eram desvalorizados e tidos como feios. Essa mudança no gosto do consumidor foi influenciada por diversos fatores, sendo que um dos principais foi a facilidade na hora da limpeza automotiva.
Limpar um carro branco não exige muito esforço, uma vez que a manutenção da cor é fácil. Água e sabão neutro já são suficientes para deixar a carroceria brilhando.
As montadoras, que estão sempre acompanhando as preferências dos motoristas, começaram a investir em mais modelos dessa cor e, hoje, são produzidos milhares de veículos em branco. Porém isso não significa que todas as cores são iguais, pois cada empresa fabrica seu automóvel com tons diferentes de branco.
Essas nuances entre as cores lançadas pelas montadoras fazem toda diferença. O processo de escolha dos tons é elaborado, afinal, a cor é a primeira coisa que notamos ao olhar para um veículo.
Porém, no início da indústria automotiva, a cor era algo quase irrelevante. Os carros eram vistos estritamente como ferramentas para locomoção, não importava muito detalhes como design e pintura.
Outro fator que restringia o uso de cores era o modelo de produção dos veículos. No começo da era dos carros eram usados apenas o pigmento preto, pois os outros tons demoravam para secar, atrasavam toda a produção e desbotavam facilmente.
Um dos primeiros veículos a ter cor chamativa e diferente é o Jaguar SS 100, que foi lançado no final da década de 30 em um tom de vermelho vibrante.
No entanto, as cores chamariam maior atenção alguns anos depois. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, as pessoas ansiavam por inovações e o desejo de compra vigorava pela América.
Neste período, os carros passaram a ser símbolos de prosperidade financeira, por isso, quando mais chamativo, melhor era o veículo. As montadoras souberam aproveitar esse desejo da população e ampliaram a tecnologia de pintura automotiva, dando origem a cores antes impensáveis.
Um grande exemplo de veículo colorido que conquistou milhares de motoristas mundo afora é a Kombi. Essa que se tornou um símbolo da contracultura.
A revolução colorida do mercado
O impacto das cores se tornou ainda maior na década de 70, quando a General Motors ampliou seu catálogo de tintas e surpreendeu positivamente os consumidores. Nesta mesma época, e não por acaso, a GM passou a ser a maior fabricante de automóveis do mundo, superando a Ford que estava na dianteira há décadas.
Também durante a década de 70, as cores psicodélicas ganharam espaço nas garagens. Elas expressavam o futurismo e o desenvolvimento tecnológico vivido na época.
Nos anos seguintes o que vigorou foram os efeitos como linhas retas, juntamente das cores escuras. Vinho, marrom, bege, azul e verde escuro eram as cores que mais agradavam.
Já nos anos 90 foi uma verdadeira salada de frutas, verde musgo, azul marinho, tons de cinza, laranja, amarelo, vermelho e verde limão eram alguns dos tons que circulavam pelas estradas.
Tantas cores acabaram por sobrecarregar os consumidores, que nos anos 2000 já deixaram de lado os tons vibrantes e passaram a desejar carros monocromáticos.
Exclusividade
Como já vimos aqui no blog da Octane Motors, na Rolls Royce, os carros podem ser personalizados a gosto do cliente, o que faz com que cada veículo seja único. É possível escolher entre 44 mil opções de cores para a carroceria. Mas, caso nenhuma delas agrade o comprador, os profissionais irão produzir uma nova e exclusiva cor e patenteá-la com o nome do cliente. De tal forma, alguns carros tiveram cores inspiradas em batons, sapatos e demais objetos cujo comprador queria imortalizar.
Mas não é só essa montadora que faz carros com cores exclusivas. O início dessa atividade se deu quando as empresas perceberam que nem todos os clientes apostavam em cores diferentes. Grande parte do público consumidor procurava tons mais comuns, principalmente porque isso facilita na hora de vender o veículo.
Aqui, neste vídeo, você confere um pouco sobre como é o processo de pintura automotiva na fábrica da BMW.
É importante observar que segundo o Código de Trânsito Brasileiro “nenhum proprietário ou responsável poderá, sem prévia autorização da autoridade competente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de suas características de fábrica”. Ou seja, a pintura caseira não é permitida no Brasil.
Curiosidades sobre as cores dos veículos
De onde vem o vermelho da Ferrari? O prata da Mercedes?
Assim como outras grandes mudanças no mercado automotivo, as cores marcantes de grandes veículos vieram das pistas de corrida. O Grande Prêmio, campeonato antecessor da Fórmula 1, foi responsável por dar origem ao tom prateado dos carros de corrida da Mercedes, que viraram marca registrada da empresa alemã.
Isso aconteceu pois durante um campeonato o carro W25 da Mercedes excedia em 1 kg o limite máximo para correr. Na época seus engenheiros tiveram a ideia de remover a tinta, deixando o carro mais leve e em um tom prateado, que logo virou símbolo.
O carro em tom de alumínio conquistou grandes prêmios e ficou conhecido como “flecha de prata”. Por esse motivo, até hoje grandes marcas apostam na cor prata para os carros esportivos.
Já o vermelho da Ferrari se dá por conta da bandeira da Itália. Durante as competições no começo do automobilismo as empresas usavam as cores nacionais para estamparem os veículos. Daí veio o famoso vermelho Ferrari, o azul da França, também chamado de Bleu de France, o clássico British Racing Green, verde britânico de corridas que marcaram os carros da Inglaterra e, também, o amarelo para a Bélgica.